quinta-feira, 17 de maio de 2007

Palestra com Professor Hermógenes

Na última terça-feira, dia 15 de maio, no Espaço Cultural CPFL em Campinas, o Prof. Hermógenes – um dos precursores do Hatha Yoga no Brasil – proferiu uma palestra sobre Yoga, abordando também um pouco de suas experiências e de como a prática e a filosofia do Yoga são importantes para o equilíbrio e o bem-estar. Ressaltou a importância da mudança de hábitos, e da substituição do atual “Adoeça-se” – muito comum na vida cotidiana do homem moderno – pelo “Saúde-se!”.

Prof. Hermógenes soube combinar momentos de descontração (o bom humor é uma característica de toda grande alma) e também momentos de êxtase místico – pelo menos no meu caso particular, que me “arrepiei” por algumas vezes e reconheci traços da Verdade em suas palavras e sabedoria. Foi certamente um grande encontro, e o presente da presença desta grande alma.

A palestra foi finalizada com a leitura do poema abaixo, de autoria dele. Uma bela expressão místico-poética, capaz de sintetizar aquele agradável bate-papo...

Se (Prof. Hermógenes)

Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...

Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...

Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...

Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...

Se algum ressentimento,
Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...

Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...

Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...

Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...

Se, ainda incapaz para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...

Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...

Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...

Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos,
Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.


Que saibamos aproveitar as oportunidades de expansão de consciência. Que a Paz prevaleça. E que as boas notícias ecoem pelo Universo e encontrem ressonância em todos os seres.

0 comentário(s):