sexta-feira, 30 de março de 2007

Águas

Na semana passada, dia 22 de Março, foi comemorado o Dia Mundial da Água. Naquele dia, noticiei sobre uma emblemática campanha iniciada na Argentina – e ainda há tempo para filiar-se à mesma – com o objetivo de convidar-nos a uma nova relação com este importante recurso natural. Embora a data já tenha passado, a reflexão precisa continuar. Aproveitando que ainda é tempo de águas de março, podemos estender um pouco mais nosso debate sobre este tema.

Certamente, ações políticas e grandes campanhas de mobilização podem ser bastante efetivas neste sentido. Porém, embora pareça mais confortável para nós delegar essa importante questão para “esferas superiores”, isentando-nos da responsabilidade, devemos reconhecer que cada um de nós também pode contribuir, através de pequenas mudanças em nosso cotidiano. Nunca é tarde para nos questionarmos: “Que mudanças eu posso fazer nos meus hábitos para contribuir para um consumo sustentável de água?”.

É evidente que precisamos tomar atitudes em busca de um consumo mais consciente. Manter a torneira fechada enquanto se escova os dentes ou se barbeia, consertar vazamentos, pequenas reduções no tempo de banho, otimizar o uso de máquinas lava-louças e lava-roupas, evitar lavar calçadas são ações ao alcance de todos nós e que ainda podem nos favorecer com um abatimento na conta de água, além do benefício ambiental. Não é nada impossível, não é mesmo? E, com pequenas mudanças, vamos todos contribuindo para as grandes transformações.

Para finalizar, em tempos de certos desequilíbrios, cabe recorrermos à sabedoria dos povos mais próximos à Natureza e com eles aprendermos. Como ensina-nos o chefe Seattle em um trecho de sua famosa carta ao presidente dos Estados Unidos:

“Essa água brilhante que corre nos rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, devem ensinar às crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças davida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.”

Também não me parece ser à toa que, entre as divindades africanas (Orixás), Iemanjá (deusa dos mares) e Oxum (deusa dos rios, lagos e cachoeiras) sejam também consideradas deusas da maternidade, a origem da vida. Não há como separar água e vida.

Que nós consumamos a água conscientemente, como um sacramento que nos proporciona a vida. Que a Paz prevaleça. E que as boas notícias ecoem pelo Universo e encontrem ressonância em todos os seres.

1 comentário(s):

Leo disse...

...tá devagar, hein! rsrs
Aproveitando... http://www.cosmo.com.br/colunistas/leonardo_boff/integra.asp?id=192322

Abraço!