quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Romantismo, Goethe e Werther

Por estes dias estive lendo sobre a escola literária conhecida como Romantismo, cujas primeiras manifestações ocorreram na Europa em fins do século XVIII. Para ser mais específico, considera-se que a obra Werther (que em português também recebe o título de “Os sofrimentos do jovem Werther”), do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, seja o marco inicial da escola romântica européia. Vejamos um trecho deste livro, um romance epistolar, em que o protagonista Werther se corresponde com Wilhelm:

A vida humana não passa de um sonho. Mais de uma pessoa já pensou nisso. Pois essa impressão também me acompanha por toda parte. Quando vejo os estreitos limites onde se acham encerradas as faculdades ativas e investigadoras do homem, e como todo nosso labor visa apenas a satisfazer nossas necessidades, as quais, por sua vez, não têm outro objetivo senão prolongar nossa mesma existência; quando verifico que o nosso espírito só pode encontrar tranqüilidade por meio de uma resignação povoada de sonhos, como um presidiário que adornasse de figuras multicoloridas e luminosas perspectivas as paredes de sua cela... tudo isso, Wilhelm, me faz emudecer. Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo! Mas também aí, é um mundo de pressentimentos e desejos obscuros e não de imagens nítidas e forças vivas. Tudo flutua vagamente nos meus sentidos e, assim, sorrindo e sonhando, prossigo na minha viagem através do mundo!


Este pequeno trecho fez-me refletir profundamente. Imediatamente relacionei-o ao filme Matrix: vivemos uma “realidade” que não é real, mas apenas sonhada por nós. Ou ainda, recorrendo à milenar sabedoria da Tradição Budista, diz-se que tudo é “maya”, tudo é ilusão. Criamos nossa realidade, dentre infinitas outras possibilidades, a partir de nossa mente. Como diz o jovem Werther: “Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo!”. Tudo o que precisamos já se encontra dentro de cada um de nós. Quando quisermos, podemos sair de nossa própria prisão: somos livres!

[Som ambiente: “Redemption Song” de Bob Marley & The Wailers – Emancipate yourselves from mental slavery, none but ourselves can free our minds...]

1 comentário(s):

Leo disse...

Muito bom...
Pensei naquele livro que comentei contigo, o "Ilusões" do Richard Bach, você precisa ler...
Por enquanto segue uma "palhinha" intertextual:
"Você está sempre livre para mudar de idéia e escolher um futuro, ou um passado diferente."

Beijos e abraços!