quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Mudança de Endereço

Amigos e amigas, incautos leitores

Após mais de um ano sem atualizar este blog (por alguns motivos nobres e outros nem tanto), volto para dizer que o Olhar Mutante, honrando seu nome, está de mudança.

A partir de agora, o Olhar Mutante estará hospedado em http://olharmutante.wordpress.com

E não é só o sítio que está de mudança. A proposta editorial e o visual do novo Olhar Mutante também se transformaram. Espero que você passe lá, leia os textos e deixe seus recados, críticas e sugestões.

Por enquanto, este espaço ainda permanecerá e serão mantidos os textos (posts) aqui publicados. Mas, para as novas publicações, você terá que ir novo sítio. Visite o novo Olhar Mutante!

Um abraço,
Brunno.

sábado, 27 de outubro de 2007

Interioridade e Escuta 3

No dia 10/10/2007, ocorreu o quarto encontro do evento “Interioridade e Escuta”. Nesta ocasião, o tema foi “Encontro: o espaço do não-saber na visão de um palhaço” e o palestrante foi Esio Magalhães, palhaço, ator e fundador do Barracão Teatro.

Além disso, tivemos também a presença do palhaço Zabobrim (de Esio Magalhães), cuja atuação, entre partes da palestra, abria espaços de jogo cênico com o público presente. Estes espaços ajudaram a construir e ilustrar a profunda reflexão sobre a arte do palhaço.

Conforme explicou-nos Esio, a improvisação é constante no trabalho do palhaço, na medida em que este se encontra em permanente relação com o público, donde surgem interferências e interações. Neste sentido, as situações – quase sempre imprevistas – desta relação configuram-se como um “espaço de não-saber”.

Se observarmos bem o palhaço, aprenderemos com ele sobre a necessidade de se mergulhar para dentro de nós mesmos. O contato com nossa interioridade permite-nos melhor compreender o “ridículo de nós mesmos”, ou seja, acessar em nós aquilo que pode ser considerado o “ridículo arquetípico”, o ridículo comum e representativo de todo ser humano.

A partir deste mergulho interno, o palhaço passa a compreender de que forma expressar o seu ridículo, de modo a tocar e comover o público. Para isso, é preciso o exercício da escuta, cuja atenção está voltada para as reações do público, que impulsionam as ações do palhaço e constroem sua relação com o mundo.

Portanto, uma reflexão sobre a arte do palhaço - que supõe esse mergulho na interioridade – pode nos ensinar sobre nossos próprios sentidos, desejos, alegrias, vitórias e também sobre nossas frustrações, medos e derrotas. O palhaço, em sua condição de arquétipo da humanidade, é aquele que, embora busque sempre a vitória, está fadado ao fracasso. Mas ele continua a tentar, não desiste de jogar, rindo-se (e fazendo-nos rir) de suas próprias derrotas, que de certa forma simbolizam as derrotas de cada um de nós. Como nos ensina Jung, “é melhor ser inteiro que ser bom”: esta é também a mensagem implícita do palhaço.

Citando seu amigo palhaço Chacovachi, Esio alertou que “todos somos palhaços, mas só alguns vivem disto”. A partir do conteúdo de sua palestra, acima exposto, poderíamos também dizer que “todos somos palhaços, mas só alguns vivem isto”.

Explico-me: em minha opinião pessoal, creio que em geral nos faltam duas coisas. A primeira coisa que nos falta é conhecermos melhor nossa interioridade, anseios, medos, desejos, qualidades, defeitos. Em segundo lugar, falta-nos aprender a “escutar” de fato, estar atento aos sinais para que, neste grande espaço de não-saber (improviso) que é a vida, possamos agir de acordo com aquilo que realmente somos, nossa essência, nossa interioridade. É o que pode nos ensinar nosso “palhaço interno”, mas que nem todos aprendemos, ou não vivemos a lição aprendida.

Para finalizar, algumas palavras sobre os protagonistas deste encontro. Zabobrim é um palhaço humano, cujas peripécias nos fazem rir e também chorar. Esio Magalhães é um humano palhaço (no bom sentido da palavra), cuja arte e ofício nos levam a refletir sobre o ridículo – e também o belo – que há em cada um de nós.

PRÓXIMO EVENTO:
Interioridade e Escuta – Palestra: “Nietzsche”.
Palestrante: Oswaldo Giacóia, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp.
Data e Horário: 29/10/2007 às 20:00.
Local: Casa Santo Inácio de Loyola – Rua Bernardo de Souza Campos, 148 (próximo ao Colégio Dom Barreto) – Ponte Preta – Campinas/SP.
Inscrições gratuitas através do e-mail stinacio@gmail.com, enviando nome e telefone.
Outras informações: (19) 3233-4181.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Interioridade e Escuta 2

Conforme já comentei anteriormente, tenho participado e ajudado a divulgar um evento chamado Interioridade e Escuta. No dia 14/06/2007 ocorreu o terceiro encontro deste evento. Na ocasião, tivemos a presença do Prof. Mauro Amatuzzi, professor aposentado da USP e atualmente docente da PUC-Campinas, que ministrou a palestra “Pensando o sonhar com Tomás de Aquino”.

Segundo Prof. Mauro, é preciso levar em consideração que Tomás de Aquino, por ter vivido antes de Descartes (paradigma cartesiano), não partilhava da visão fragmentada e “separatista” entre matéria e espírito. De fato, para este teólogo medieval o sonho fica no cruzamento da espiritualidade com a animalidade. Neste sentido, abordando questões da psicologia moderna, o palestrante opinou que o olhar do psicólogo é mais próximo do teólogo (espiritual) do que do médico (material), considerando a visão dualista corpo e espírito. Da mesma forma que a teologia, a psicologia deve ver o ser humano a partir de seu interior e de seu sentido de vida.

Em relação a temas mais genéricos sobre o sonho, Prof. Mauro apontou que quando os sentidos externos cessam (sono), a imaginação fica livre. Ao contrário, quando estamos acordados, a imaginação funciona articulada com a razão e com nossos sentidos externos. Assim, de certa forma, o sonho seria a movimentação livre da imaginação durante o sono.

Mais adiante, Prof. Mauro explicou que para Tomás de Aquino não há muita preocupação em interpretar os sonhos, mas sim em dar-lhes um sentido. Deste modo, suas perguntas capitais nesta área foram: “O que é o sonho? O que representa isso?”. E, a partir destas questões, Tomás de Aquino fala dos sonhos através de um enfoque profético ou de revelação.

Para melhor entendermos esta abordagem, o palestrante descreveu os determinantes (causas) do sonho, cuja breve descrição se encontra a seguir:

  1. Anímico (psicológico): o sonho como conseqüência de desejos e pensamentos conscientes;
  2. Orgânico (corporal): o sonho tem uma função biológica, como fixação de memória e aprendizado. Ou seja, o sonho ajuda a concluir processos orgânicos e/ou cognitivos inacabados;
  3. Ambiental (externo): o sonho como reflexo de influências dos corpos celestes (astros) sobre a Terra; o ambiente externo (luz, sombra, “informações emocionais”, sutilezas) influencia processos (químicos, biológicos, etc);
  4. Espiritual: o sonho como experiência profética ou revelação; percepção da realidade (verdade mais profunda) por caminhos extraordinários e inusitados, sem que haja razões para a revelação (intuição).

Para Tomás de Aquino, cuja abordagem espiritual é a mais freqüente em suas teorias sobre o tema, é muito conveniente que Deus se revele em sonhos porque, enquanto acordados, nossa atenção (mente) está totalmente voltada às tarefas cotidianas e preocupações, que nos desviam das verdades mais profundas. Ou seja, a revelação divina traduz-se em um processo intuitivo, em uma ligação com a Fonte do Ser. Neste sentido, o silêncio interior – experiência obtida através da meditação e da contemplação – desempenha fundamental importância, pois nos coloca em um estado de predisposição para os processos intuitivos, para as revelações e para as graças divinas.

Ao encerramento de sua interessante palestra, o Prof. Mauro apontou algumas formas de se trabalhar os nossos sonhos: contá-los a familiares e amigos; registrá-los em um diário de sonhos; e expressá-los artisticamente (poesia, pintura, escultura, etc). Para maior aprofundamento sobre o tema, ele recomendou o livro “Psicologia e Espiritualidade” (Editora Paulus) e, por fim, ensinou a todos que: “Um sonho não lembrado é como uma carta não aberta”.

Aproveito para divulgar e convidá-los ao quarto encontro “Interioridade e Escuta”, a realizar-se hoje (10/10/2007) às 20hs. A palestra “Encontro: o espaço do não-saber na visão de um palhaço” será ministrada por Esio Magalhães, palhaço, ator e fundador do Barracão Teatro.

O EVENTO:
Interioridade e Escuta – Palestra: “Encontro: o espaço do não-saber na visão de um palhaço”.
Data e Horário: 10/10/2007 às 20:00.
Local: Casa Santo Inácio de Loyola – Rua Bernardo de Souza Campos, 148 (próximo ao Colégio Dom Barreto) – Ponte Preta – Campinas/SP.
Inscrições gratuitas através do e-mail stinacio@gmail.com, enviando nome e telefone.
Outras informações: (19) 3233-4181

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A Primavera

Ontem, dia 23 de setembro, começou a Primavera no hemisfério sul. Esta é a estação da renovação de um ciclo, do florescimento e da exuberância da vida. Traz-nos inspiração e otimismo numa explosão de cores.

É uma ocasião oportuna para ler (ou reler) o texto “Primavera”, de Cecília Meireles. Recebi este texto por e-mail de um amigo. E este texto também está reproduzido
neste site e neste outro.

Primavera

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, “por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida” e efêmera.

(Cecília MEIRELES. Obra em Prosa - Volume 1, Ed. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.)



Que a Primavera traga renovação e otimismo. Que a Paz prevaleça. E que as boas notícias ecoem pelo Universo e encontrem ressonância em todos os seres.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Romantismo, Goethe e Werther

Por estes dias estive lendo sobre a escola literária conhecida como Romantismo, cujas primeiras manifestações ocorreram na Europa em fins do século XVIII. Para ser mais específico, considera-se que a obra Werther (que em português também recebe o título de “Os sofrimentos do jovem Werther”), do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, seja o marco inicial da escola romântica européia. Vejamos um trecho deste livro, um romance epistolar, em que o protagonista Werther se corresponde com Wilhelm:

A vida humana não passa de um sonho. Mais de uma pessoa já pensou nisso. Pois essa impressão também me acompanha por toda parte. Quando vejo os estreitos limites onde se acham encerradas as faculdades ativas e investigadoras do homem, e como todo nosso labor visa apenas a satisfazer nossas necessidades, as quais, por sua vez, não têm outro objetivo senão prolongar nossa mesma existência; quando verifico que o nosso espírito só pode encontrar tranqüilidade por meio de uma resignação povoada de sonhos, como um presidiário que adornasse de figuras multicoloridas e luminosas perspectivas as paredes de sua cela... tudo isso, Wilhelm, me faz emudecer. Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo! Mas também aí, é um mundo de pressentimentos e desejos obscuros e não de imagens nítidas e forças vivas. Tudo flutua vagamente nos meus sentidos e, assim, sorrindo e sonhando, prossigo na minha viagem através do mundo!


Este pequeno trecho fez-me refletir profundamente. Imediatamente relacionei-o ao filme Matrix: vivemos uma “realidade” que não é real, mas apenas sonhada por nós. Ou ainda, recorrendo à milenar sabedoria da Tradição Budista, diz-se que tudo é “maya”, tudo é ilusão. Criamos nossa realidade, dentre infinitas outras possibilidades, a partir de nossa mente. Como diz o jovem Werther: “Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo!”. Tudo o que precisamos já se encontra dentro de cada um de nós. Quando quisermos, podemos sair de nossa própria prisão: somos livres!

[Som ambiente: “Redemption Song” de Bob Marley & The Wailers – Emancipate yourselves from mental slavery, none but ourselves can free our minds...]

terça-feira, 11 de setembro de 2007

O milagre do dia 11 de setembro

Nesta data de hoje, 11 de setembro, muito se fala de um trágico acontecimento há 6 anos atrás: os ataques terroristas nos Estados Unidos. Nesta mesma data, há um outro fato triste da história da humanidade: em 11 de setembro de 1973 ocorreu o golpe de estado que encerrou o governo democrático de Salvador Allende no Chile. Além destes dois, muitos outros fatos ocorreram em um 11 de setembro.

Mas, no dia de hoje, gostaria de trazer uma linda história, da qual tomei conhecimento apenas recentemente, e que também ocorreu em um 11 de setembro. Na verdade, trata-se de um evento ocorrido no fatídico dia 11 de setembro de 2001, nas imediações das torres gêmeas em Nova York. Este pequeno conto foi extraído do livro “Small Miracles for the Jewish Heart” de Yitta Halberstam e Judith Leventhal, e encontrei outras traduções neste site e também neste outro (além de ter recebido por e-mail de um amigo).


Em uma pequena sinagoga, não muito distante das duas Torres do World Trade Center, como de costume, um grupo de judeus ortodoxos se encontrou, cedo pela manhã, para oficiar as preces matinais. Normalmente, não é problema reunir um minian (quórum de 10 homens exigido para as orações) e a sinagoga fica lotada de fiéis. Mas, na manhã de 11 de setembro de 2001, houve uma rara escassez de participantes.

Duzentos homens que trabalhavam no World Trade Center estavam, de fato, atrasados para o trabalho naquela manhã por causa da sua participação no serviço de shloshim, em memória de judeus mortos em um acidente. Mas seja lá qual for o motivo, a congregação se viu diante de um problema: o tempo corria e havia somente nove dos dez homens necessários para iniciar a reza de Schacharit. Todos eram profissionais sérios e tinham que estar nos seus escritórios no World Trade Center bem antes das 9h.

"O que faremos", eles se perguntavam, impacientemente, olhando seus relógios e andando de um lado para o outro. "Isto não acontece há anos! Onde está todo mundo? Tenho certeza de que o décimo homem chegará daqui a pouco", ao que outro respondia: "Temos que ter paciência”.

Finalmente, quando estavam todos quase desistindo e se preparando para fazer as preces individuais, ao invés de rezar com um minian, um homem velho que ninguém tinha jamais visto entrou pela porta e, olhando para o grupo, perguntou: "Vocês já daven?" (rezaram, em ídiche).

"Não senhor", um deles gritou, entusiasmado. "Nós o estávamos esperando". "Ótimo", respondeu o velho. "Tenho que dizer o Kadish pelo meu pai e preciso conduzir, eu mesmo, o serviço religioso. Estou tão contente que vocês ainda não tenham começado". Em circunstâncias normais, os homens teriam perguntado ao senhor educadamente qual era o seu nome, de onde vinha, como chegara até o shul, entre outras perguntas. Porém, estavam tão ansiosos para começar, que decidiram passar por cima do protocolo. Prontamente deram-lhe um sidur, esperando que ele fosse o próprio "Papa-Léguas" das rezas.

O velho, no entanto, provou ser exatamente o contrário! Ele parecia ler as páginas do sidur em câmara lenta. Os fiéis o respeitaram, mas definitivamente estavam "in shpilkes" (em ídiche, impacientes) para chegar ao trabalho. "Oi!", alguém disse frustrado, colocando a mão sobre a testa. "Nós realmente estamos atrasados".

Nesse momento, ouviu-se a primeira explosão. Eles correram para fora e viram a fumaça, o caos, os gritos da multidão e algo que se parecia com o apocalipse. Após o choque e horror inicial, eles logo se conscientizaram. Perceberam que haviam sido resgatados das garras da morte. Todos eles trabalhavam nas Torres do World Trade Center, e deveriam estar lá antes das 9h. Se não fosse pelo ancião e pela lentidão de suas preces matinais, muito provavelmente estariam mortos.
Então, todos se viraram para agradecer ao misterioso homem que salvara suas vidas. Eles queriam abraçá-lo, perguntar seu nome e de onde ele teria vindo naquela fatídica manhã. Mas suas perguntas ficaram no ar, sem resposta, pois quando se viraram, o homem tinha partido. Sua identidade será para sempre um mistério.

Esta é a história de um milagre, como tantos outros que ocorrem em nosso dia a dia, e que muitas vezes não nos damos conta. Trata-se do “errado que deu certo”, ou “o mal que vem para o bem”. São as pequenas sincronicidades e as “coincidências” que, se estivermos atentos, nos deixam em estado de graça para com a vida.

Que a Paz prevaleça. E que as boas notícias ecoem pelo Universo e encontrem ressonância em todos os seres.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Quimeras Caóticas I

À beira de um lago, onde estou sentado para descansar da longa jornada da manhã, avisto no horizonte um vulto incógnito. Aproxima-se rapidamente, e a vaga figura revela-se um cavaleiro montado sobre um imponente cavalo negro. O homem veste uma armadura de ouro reluzente, tendo como insígnia um pentagrama limitado por uma circunferência. Encaro-o com uma curiosidade receosa tão logo o cavaleiro e seu cavalo se detêm diante de mim. Sem apear do animal, o paladino observa-me profundamente e rompe seu silêncio:

- Recomendo-te que te concentres nos aspectos práticos e na viabilidade de tuas idéias. Planeja teu futuro, fixando prioridades e estabelecendo metas para atingir teus propósitos. Sê prudente, firme, seguro e otimista. Reconheço tua qualidade de assumir responsabilidades e, por isso, concedo-te a confiança, que te fará capaz de superar os obstáculos.

Finaliza seu breve discurso com um leve aceno de cabeça, ao qual intuitivamente respondo da mesma forma. Com um ágil movimento de arreios, o misterioso homem põe seu cavalo negro em marcha, retornando para sua origem desconhecida. Acompanho-o com a vista, até que um último lampejo, reflexo de sua armadura dourada sob o sol, desaparece no mesmo horizonte que o fez surgir.

(Brunno, 04/09/2007)

domingo, 2 de setembro de 2007

Meditação


Por indicação de um grande amigo meu, estou lendo o quinto capítulo de “O Livro Tibetano do Viver e do Morrer”, do mestre espiritual budista Sogyal Rinpoche, editado no Brasil pela Palas Athena Editora. Neste capítulo, cujo título é “Trazendo a Mente para Casa”, o autor fala sobre a meditação.

Para despertar o interesse e como forma de apresentar um trecho-síntese deste interessantíssimo texto, veja o que diz Sogyal Rinpoche na página 86:


O Buda se sentou no chão em serena e humilde dignidade, com o céu sobre ele e à sua volta, como para mostrar-nos que na meditação você se senta com uma atitude mental aberta como o céu, embora permaneça presente na terra e com os pés no chão. O céu é a nossa natureza absoluta, sem barreiras e infinita, e o chão é a nossa realidade, nossa condição relativa e ordniária. A postura que assumimos quando meditamos significa que estamos ligando absoluto e relativo, céu e terra, espaço e chão, como duas asas de um pássaro, integrando a imortal natureza da mente, semelhante ao céu, e o solo da nossa natureza mortal e transitória.

A dádiva de aprender a meditar é o maior presente que você pode se dar nesta vida. Porque é apenas através da meditação que você pode empreender a jornada para descobrir sua verdadeira natureza e assim encontrar a estabilidade e a confiança de que necessita para viver e morrer bem. A meditação é o caminho para a iluminação.

(Sogyal RINPOCHE. “O Livro Tibetano do Viver e do Morrer”. Palas Athena. Pág. 86)

A partir do trecho acima, o texto segue se aprofundando neste tema e trata sobre treinamentos, práticas e métodos para a meditação. Muito interessante e recomendável.

Que a Paz prevaleça. E que as boas notícias ecoem pelo Universo e encontrem ressonância em todos os seres.

sábado, 1 de setembro de 2007

Sobre ausências, atrasos e mudanças

Primeiramente, gostaria de me desculpar pelo longo período de ausência: mais de dois meses sem publicar um post qualquer no blog. De qualquer forma, apesar de alguns contratempos, acredito que a partir de agora publicarei textos com mais freqüência e, se for o caso, tentarei avisar antes os eventuais “períodos de ausência”.

Gostaria também de agradecer aos leitores, que aceitarão minhas desculpas e continuarão a prestigiar este blog (assim espero :-). Como recompensa à sua fidelidade, me comprometo a ser mais assíduo a partir de agora! :-)

Aproveitando, gostaria de anunciar algumas mudanças que Olhar Mutante sofrerá, a partir deste mês de setembro. Ao invés de artigos mais longos e com maior intervalo de publicação (como tem sido até então), experimentalmente a nova proposta editorial será a seguinte: textos mais curtos publicados em um intervalo de tempo bem menor. A idéia, portanto, é tornar o Olhar Mutante também dinâmico (além de mutante :-).

Devido ao período de hibernação e transformação deste blog, pretendo me redimir dos “atrasos” e, um dia depois, publicar minha contribuição e indicações para o “Dia do Blog”, no post logo abaixo.

Que o dinamismo e as mudanças tragam renovações e aprendizados. Que a Paz prevaleça. E que as boas notícias ecoem pelo Universo e encontrem ressonância em todos os seres.

Dia do Blog (mais um)

Blog Day 2007

Como disse no post logo acima, as ausências, atrasos e mudanças me levaram a publicar hoje, um dia depois, minhas indicações para o “Dia do Blog” (Blog Day). Espero que ainda esteja em tempo de contribuir com minha opinião sobre alguns blogs.

Creio que muita gente já sabe do que se trata o “Dia do Blog”, principalmente quem edita, publica e/ou lê blogs com freqüência. (Mesmo no meu caso, que estive um “bom tempo de férias” forçadas deste blog). Para quem não conhece, saiba mais neste site.

A idéia é que você indique alguns (cinco, mais especificamente) blogs que você leia com freqüência, ou que você descobriu por acaso e gostou, com o objetivo de expandir o conhecimento sobre blogs (famosos ou quase-anônimos) existentes. Neste caso, minhas indicações estão abaixo (não necessariamente em ordem de importância):

  1. Não só mais um na multidão - blog do Léo, que traz reflexões, idéias, alegrias e angústias de quem não é só mais um na multidão.
  2. QueroTerUmBlog.com! - blog de Alessandro Martins com dicas e opiniões importantes (ou melhor, essenciais) para aqueles que pretendem escrever um blog (e também para os que já escrevem, como é o meu caso :-).
  3. Clube da Mafalda e Depósito do Calvin - opção dois-em-um: blogs que publicam tirinhas das personagens mais interessantes, complexas e filosóficas (em minha opinião) dos quadrinhos: Mafalda, do argentino Quino + Calvin e Haroldo, do estadunidense Bill Waterson. Reflexão com diversão!
  4. Faça a sua parte - blog para divulgação de notícias sobre questões ambientais e, principalmente, dicas para cada um “fazer a sua parte” no cuidado para com a Mãe-Terra.
  5. Grupo de Estudo de Arte, Filosofia e Psicanálise - acabo de descobrir este blog de Maria Leite, psicanalista e doutora em Literatura.

Muitos outros poderiam entrar nesta lista, certamente. Mas em minha opinião, estes blogs representam bem o que tenho encontrado de interessante na blogosfera atualmente.

Que a Paz prevaleça. E que as boas notícias ecoem pelo Universo e encontrem ressonância em todos os seres.